quinta-feira, 9 de agosto de 2007

O Vinci GT e a indústria automóvel portuguesa


Não sei se já ouviram falar do Vinci GT. É um superdesportivo desenvolvido no CEIIA - Centro de Excelência e Inovação para Industria Automóvel, no Porto, com fundos públicos e privados. O carro está na fase final do desenvolvimento e é de facto um carro de alta performance: Motor dianteiro V8 de 6.000 cm3, 480 cv, tracção traseira, capaz de velocidades e acelerações como os grandes supercarros (Ferrari, Lamborghini, Pagani, etc.)
Tem uma estética inspirada nos carros desportivos dos anos 60 e 70, que fazem parte do imaginário de quem ao mesmo tempo gosta de carros e tem dinheiro para comprar uma máquina destas.
No início não acreditei que o projecto fosse para a frente. Achei que era um projecto de carolas, e que na altura em que eram precisos, os apoios e investimentos iam faltar. Achar então que o projecto seria produzido, para mim era impensável.
Mas parece que a produção do carro vai avançar. Como qualquer supercarro, não vai ser barato e vai ter uma produção costumizada, ou seja, a partir de um automóvel base, vão ser aplicados uma série de orgãos mecânicos e de equipamento "à medida" do cliente. Parece-me uma atitude inteligente: A demarcação pela excelência e pela exclusividade é meio caminho andado para o sucesso. Além do mais, e daí haver apoios do Estado, é de interesse público desenvolver um automóvel que seja "bandeira" para indústria mundial do ramo, que ponha os engenheiros portugueses a aplicar os seus conhecimentos e permita as empresas fornecedoras de componentes auto a trabalhar na bitola da excelência.
A capacidade de uma indústria local de determinado ramo é meio caminho andado para atrair novos investimentos. O facto de até à Auto Europa não termos desenvolvida em Portugal uma verdadeira indústria de componentes e logística do ramo automóvel, foi afastando ao longo dos anos diversas empresas de automóveis do nosso país. Recordo que, à excepção da Renault nos anos 80 em Setúbal, a indústria automóvel portuguesa limitava-se a montar componentes produzidos em outros locais do mundo. Tudo mudou com a Renault, mas especialmente com o projecto Ford-VW.
O Vinci GT é a prova que os objectivos estão alcançados e podemos receber mais e melhor por aqui. Se a Auto-Europa representa 3% do PIB e a riqueza de uma região, imaginem o que faria mais 2 ou 3 fábricas daquelas...

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