terça-feira, 31 de julho de 2007
Piquet nas Aulas de Condução
Li hoje uma notícia curiosa do Nélson Piquet. Ele foi tri-campeão do Mundo de Fórmula 1 - Em 1981 e 1983 na Brabham com as cores da Parmalat (um dos mais belos carros de sempre da F1) e em 1986 (contra tudo e todos) ao volante de um Williams.
O que é certo é que ele superou o número de infracções permitidas pela Carta de Condução no Brasil, o que obrigou a frequentar um curso de reciclagem de trânsito.
Se bem que não seja nada que surpreenda uma pessoa cujo trabalho foi sempre superar limites e velocidades, seja apanhada em excesso de velocidade, é curioso que venham dar lições de conduzir a alguém consagrado por isso mesmo.
O link da notícia aqui.
Sou um admirador a posteriori do Nélson Piquet. Era já um piloto em curva descendente quando comecei a assistir à Fórmula 1. Além do mais, no seu último campeonato ganho, eu era fã da condução impulsiva mas também muitas vezes inconsequente do seu companheiro de equipa Nigel Mansell. Isto quando tinha 8 anos, ou seja, não tinha a capacidade de análise nem os conhecimentos que tenho hoje.
Nélson Piquet Souto Maior era de uma família abastada de Brasília (o seu pai tinha um cargo político importante, não me lembro qual). Ele refere que se intrometeu nas corridas, primeiro como mecânico e depois como piloto porque Brasília era uma pasmaceira, sem nada para fazer. Para que a família não soubesse que ele se dedicava a esta actividade tão perigosa em vez de andar a estudar, Nélson começou a correr com o nome Piket (adaptado do nome de família da sua mãe) e demonstrou ser um piloto rápido e consistente.
As coisas começam a ficar mais sérias quando ganha campeonatos de Fórmulas de promoção no Brasil e tenta a sua sorte na Europa, mais propriamente na Inglaterra (o destino preferencial de grande parte dos pilotos brasileiros com aspirações internacionais).
Em 1978 consegue correr pela 1.ª vez na Fórmula 1 pela Ensign (uma equipa do fundo de pelotão), tendo depois dado o salto para a Brabham.
Por esta altura, a Fórmula 1 atravessa um dos maiores saltos tecnológicos de sempre, com o desenvolvimento aerodinâmico dos bólides numa primeira fase e no sucesso dos motores Turbo posteriormente. A Brabham, apesar de ser sempre uma equipa competitiva, há vários anos que não ganhava títulos de forma substancial. As coisas começam a mudar quando a BMW fornece os motores Turbo em 1981, sendo Nélson Piquet o 1.º Piloto da equipa.
Os seus conhecimentos de mecânica e de afinação trouxeram uma rápida evolução dos Brabham BMW, assim como o início de práticas comuns actualmente, uma delas "inventada" por Piquet, com a utilização de mantas de aquecimento nos pneus, evitando voltas lentas para os aquecer.
Esse pensamento prático e descontraído, aliado a uma irreverência por vezes indelicada e arrogante, e claro, a um talento inato para a condução trouxeram-lhe muitas alegrias (como 3 títulos) e alguns dissabores durante a carreira. Hoje, ou se gosta do Piquet, ou se odeia o Piquet (isto para os fãs de Fórmula 1, é claro!).
Um acidente em 1992 nas qualificações para as 500 milhas de Indianapolis acabou-lhe com a carreira, já nessa altura longa e sem pressões. Hoje corre ocasionalmente, mas dedica-se acima de tudo a promover o seu filho Nelsinho ao grande circo da Fórmula 1.
Para vos deixar com um gostinho do seu talento, junto deixo um filme com, para mim, a maior ultrapassagem já filmada na história da Fórmula 1. A cena passa-se em 1986, na Hungria, com Piquet a ultrapassar o não menos campeão mas bem mais endeuzado Ayrton Senna.
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