sexta-feira, 27 de julho de 2007

Ciclismo e outras fábricas de heróis

Sou um fã do desporto.
Gosto de desporto não com a perspectiva da clubite reinante mas do fenómeno social que é o desporto, assim como certas modalidades serem o que eu chamo de "Fábricas de Herois".
O conceito de herói está intimamente ligado ao indivíduo e não a um grupo de pessoas, como numa equipa de futebol. Mesmo numa equipa de futebol há os craques e os imprescindíveis. Por isso em qualquer desporto o indivíduo é importante.
O desporto onde isso para mim vem mais ao cimo é no ciclismo. Não conheço desporto mais duro, mas valente e mais mal retribuído que o ciclismo. A disciplina, o esforço, o treino é dos mais duros que existem, para no fim ser um desporto (generalizadamente) mal pago, perigoso (pode-se morrer numa queda) e agora mal reconhecido.
Ontem na Volta a França o "Camisola Amarela" foi afastado pela sua própria equipa por comportamentos pouco éticos, especificamente no que respeita aos controlos anti-doping. Eu vi a etapa anterior e fiquei fascinado com a capacidade e o esforço deste ciclista. Podia até haver drogas ali misturada, mas o que vi foi um homem a superar-se. E não há nada mais belo na condição humana que a superação de barreiras e de limites - próprios ou alheios.
É uma injustiça as pessoas não cumprirem as regras, assim como é natural o clima de suspeição e de "caça às bruxas" e de hipocrisia que circunda este tema. Digo natural porque quando acontecimentos ferem de morte uma modalidade, a reacção é por vezes extemporânea, arbitrária e injusta. Acho apesar de tudo que a capacidade de reinvenção é algo que está no sangue da humanidade e isto vai ser ultrapassado. Amanhã surge um novo herói, que servirá de exemplo e inspiração para milhões.

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